terça-feira, 2 de setembro de 2008

Por que o estágio para quem não exerce o magistério: o aprender a profissão

Síntese do texto de: Selma Garrido Pimenta e

Maria Socorro Lecena Lima

O estágio supervisionado para alunos que ainda não exercem o magistério pode ser um espaço de convergências das experiências pedagógicas vivenciadas no decorrer do curso e, principalmente, ser uma contingência de aprendizagem da profissão docente, medida pelas relações sociais historicamente situadas.(PIMENTA e LIMA)

Durante muito tempo (e continua o sendo), o estágio configurou-se como um momento de muita expectativa e tensão, sobretudo, para graduandos que não tem experiência no magistério. Essa realidade ainda se configura com um estágio que é estigmatizado pelo termo supervisionado, termo que, segundo Pimenta e Lima (2004), é herdado de uma pedagogia tecnicista e que faz separação extrema entre teoria e prática.

Legalmente, o estágio é um requisito para conclusão de um curso de licenciatura. Pode ser visto como um momento de [re]afirmação da escolha profissional, momento este que só é “disponibilizado” nos dois últimos semestres da graduação, pois há uma grande dificuldade de implementação de um estágio com distribuição ao longo do currículo.

Outro problema, citado por Pimenta e Lima (2004), é o excesso de atividades técnicas e burocráticas ao qual é submetido o projeto de estágio. Estes aspectos são caracterizados por atividades sem intencionalidade e reflexão, o que dificulta uma visão da educação em sua totalidade.

Reflexão e análise constante das realidades apresentadas são atributos para um estágio realmente significativo. É preciso também discutir as experiências observadas, pois é preciso aprender com aqueles que já possuem experiência na atividade docente.

As autoras citadas, nos alertam também para um dos primeiros impactos é o susto diante da real condição das escolas e as contradições entre o escrito e o vivido, o dito pelos discursos oficiais e o que realmente acontece. São poucos os momentos que temos oportunidade de colocar em prática as teorias estudadas em sala, e o mais interessante é que estamos falando de um curso de licenciatura.

Todavia, mesmo sabendo de todas essas dificuldades, nossa missão é tornar o estágio significativo para nossa formação. Este significado se dará com o desenvolvimento de algumas ações, descritas a seguir:

- compreender a escola em seu cotidiano, o que nos dá condições para intervir de maneira responsável, aliás, é condição necessária para a construção de um projeto de intervenção;

- manter uma postura investigativa;

- manter-se firme ante as desmotivações, principalmente vindas por parte de profissionais desacreditados;

- compreender com clareza os objetivos do estágio.

Claro que existem outros aspectos a serem observados. O contexto escolar deve ser observado em sua totalidade.

A escola não é uma instituição inocente e sem interesses. Muitas vezes é um instrumento para a propagação de idéias de grupos restritos. Por tanto, se faz necessário uma análise cuidadosa das instituições de ensino, aguçando nosso olhar para a criticidade. É tanto quanto importante também, conhecer a história da escola onde estamos, para compreender o comportamento que os alunos exibem.

As especificidades de cada escola influenciam diretamente na vida do aluno e na sala de aula. Pimenta e Lima (2004), afirmam que aprender a profissão docente no decorrer do estágio, supõe estar atento às particularidades e às interfaces da realidade escolar em sua contextualização na sociedade.

Citam ainda, as autoras, que o estágio é um momento onde o aluno (estagiário) deve buscar reconhecer sua própria presença e papel.

A prática educacional pauta-se no compromisso, respeito, planejamento e avaliação. Estar atento aos movimentos, ao cotidiano, à realidade, ao contexto onde a escola se insere, são aspectos que respondem muitas perguntas.

PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena Lima. Estágio e Docência. São Paulo: Editora Cortez, 2004


Pesquisa como eixo de formação docente


Síntese do texto de: Maria Tereza Esteban e

Edwiges Zaccur


Apesar de reconhecermos a seriedade com que os pesquisadores brasileiros vêm produzindo uma consistente literatura no âmbito da educação, os efeitos de tais avanços pouco se refletem no interior das escolas. (ESTEBAN e ZACCUR)


A educação é o centro de muitas pesquisas. Muitos autores dispensam seu foco de investigação para este tema, produzindo um número infindo de literaturas, na tentativa de analisar o cotidiano escolar, traçar estratégias, defender essa ou aquela teoria, etc. No entanto, o que mais vemos é a manutenção de uma escola “excludente, produzindo analfabetos, analfabetos funcionais e iletrados”. (ESTEBAN e ZACCUR, 2002, p.12)

A quem se escreve tais pressupostos? Infelizmente, quem faz a pesquisa não está inserido efetivamente na sala de aula. Este fato faz com que, muitas vezes, a teoria não seja posta em prática. Culpa de quem? Do professor? Do aluno? Não. Quem está na sala de aula não participa da construção dos métodos ou teorias que lhes são impostos. Esteban e Zaccur (2002) afirmam isso, quando dizem que “quem vive o cotidiano da escola não se reconhece no texto teórico, sentido-se negado”.

As referidas autoras propõem um novo olhar sobre a pesquisa, onde quem “aplica” diretamente a teoria se vê construtor dela. A pesquisa se torna “um fazer”, onde professores e pesquisadores colocam suas questões.

Um passo importante para uma prática docente aliada a constante pesquisa se dá com o desenvolvimento de um “olhar avaliador”, como citam Esteban e Zaccur(2002), pois esse constante questionamento levará à busca de respostas.

Outro obstáculo apresentado, é o distanciamento entre teoria e prática aplicado nos cursos de formação de professores, quando, para uma maior significação da teoria e para uma prática mais reflexiva, deveriam estar aliadas.

As experiências práticas são válidas e importantes no estágio. Entretanto, o estagiário deve ter um olhar analítico sobre cada espaço onde atuar, afinal, é preciso respeitar a subjetividade de cada unidade escolar, observando desde a entrada da escola à sua gestão.

A articulação prática-teoria-prática, se faz necessário para a instrumentalização de um exercício de um exercício profissional pautado pela observação, questionamento e redirecionamento do cotidiano.

A teoria é fundamental, pois nos permite ver além do senso comum. Ajuda a olhar a realidade por outra perspectiva – ou considerar “perspectivas”. Todavia, a finalidade da teoria é a prática.

E é na prática que surgem muitos questionamentos, e que nos leva a buscar resposta e consequentemente a necessidade de conhecer o novo. A teoria é, portanto, a mediação entre a prática e o questionamento. Essa constante mediação concluirá num redirecionamento do cotidiano.

Esteban e Zaccur (2002), concluem que o objetivo central é que o/a professor/a seja competente para agir criticamente em seu cotidiano.

Coletivamente, a crítica do cotidiano garantirá a pluralidade de caminhos e idéias e levará a alternativas para a transformação do real.


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Educação: em todos os momentos... UM DESAFIO

TRAGETÓRIA ESTUDANTIL

Eu nunca fui aquilo que uma escola espera de um bom aluno. Era bastante ativo e essa “atividade” nem sempre foi canalizada para os estudos. Lembro-me de querer ser policial, influenciado por meu pai e toda fantasia que esta profissão desperta em muitas crianças, mas ser professor estava longe dos meus sonhos.
A educação infantil foi realizada em escolas privadas. Quando cheguei à 5ª série do ensino fundamental, fui para o Colégio Estadual Edvaldo Boaventura e nele permaneci até a conclusão do ensino médio.
Ao terminar o ensino médio, não sabia que profissão seguir. Sentia-me muito pressionado, pois sabia que minha escolha refletiria no meu futuro. A única certeza que tinha é de que precisava passar no vestibular!
Como tinha um desempenho melhor nas disciplinas ligadas às ciências humanas, escolhi o curso de Pedagogia e, felizmente, consegui ser contemplado com uma das vagas no ano de 2004, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, campus de Jequié.

PROFISSÃO: PEDAGOGO



Após passar no concurso Vestibular em 2004, mesmo antes de entrar no curso, fui convidado a substituir uma professora em uma escola particular, lecionando a disciplina de música, na educação infantil. Foi uma experiência incrível, e me fez refletir sobre o que realmente gostaria de fazer.
Em 2005, já na graduação em Pedagogia, tive uma outra oportunidade de estar na educação. Trabalhei em uma outra escola privada, agora ensinando as disciplinas de geografia e história. Na referida escola, permaneci até o ano de 2007 e foi mais um momento de descobertas e de refletir sobre a prática docente.
Durante o curso tive momentos que fui tomado por desmotivações. Em outros pude refletir que, apesar de todos os problemas que o curso enfrenta e os próprios desafios a serem enfrentados na educação, as disciplinas que compõem a Licenciatura em Pedagogia nos possibilitam desenvolver um olhar muito mais crítico sobre a educação e a sociedade como um todo. E mais: se queremos realmente oferecer algo à sociedade, temos que transformar esses desafios encontrados em objetivos a serem conquistados.