terça-feira, 2 de setembro de 2008

Pesquisa como eixo de formação docente


Síntese do texto de: Maria Tereza Esteban e

Edwiges Zaccur


Apesar de reconhecermos a seriedade com que os pesquisadores brasileiros vêm produzindo uma consistente literatura no âmbito da educação, os efeitos de tais avanços pouco se refletem no interior das escolas. (ESTEBAN e ZACCUR)


A educação é o centro de muitas pesquisas. Muitos autores dispensam seu foco de investigação para este tema, produzindo um número infindo de literaturas, na tentativa de analisar o cotidiano escolar, traçar estratégias, defender essa ou aquela teoria, etc. No entanto, o que mais vemos é a manutenção de uma escola “excludente, produzindo analfabetos, analfabetos funcionais e iletrados”. (ESTEBAN e ZACCUR, 2002, p.12)

A quem se escreve tais pressupostos? Infelizmente, quem faz a pesquisa não está inserido efetivamente na sala de aula. Este fato faz com que, muitas vezes, a teoria não seja posta em prática. Culpa de quem? Do professor? Do aluno? Não. Quem está na sala de aula não participa da construção dos métodos ou teorias que lhes são impostos. Esteban e Zaccur (2002) afirmam isso, quando dizem que “quem vive o cotidiano da escola não se reconhece no texto teórico, sentido-se negado”.

As referidas autoras propõem um novo olhar sobre a pesquisa, onde quem “aplica” diretamente a teoria se vê construtor dela. A pesquisa se torna “um fazer”, onde professores e pesquisadores colocam suas questões.

Um passo importante para uma prática docente aliada a constante pesquisa se dá com o desenvolvimento de um “olhar avaliador”, como citam Esteban e Zaccur(2002), pois esse constante questionamento levará à busca de respostas.

Outro obstáculo apresentado, é o distanciamento entre teoria e prática aplicado nos cursos de formação de professores, quando, para uma maior significação da teoria e para uma prática mais reflexiva, deveriam estar aliadas.

As experiências práticas são válidas e importantes no estágio. Entretanto, o estagiário deve ter um olhar analítico sobre cada espaço onde atuar, afinal, é preciso respeitar a subjetividade de cada unidade escolar, observando desde a entrada da escola à sua gestão.

A articulação prática-teoria-prática, se faz necessário para a instrumentalização de um exercício de um exercício profissional pautado pela observação, questionamento e redirecionamento do cotidiano.

A teoria é fundamental, pois nos permite ver além do senso comum. Ajuda a olhar a realidade por outra perspectiva – ou considerar “perspectivas”. Todavia, a finalidade da teoria é a prática.

E é na prática que surgem muitos questionamentos, e que nos leva a buscar resposta e consequentemente a necessidade de conhecer o novo. A teoria é, portanto, a mediação entre a prática e o questionamento. Essa constante mediação concluirá num redirecionamento do cotidiano.

Esteban e Zaccur (2002), concluem que o objetivo central é que o/a professor/a seja competente para agir criticamente em seu cotidiano.

Coletivamente, a crítica do cotidiano garantirá a pluralidade de caminhos e idéias e levará a alternativas para a transformação do real.


2 comentários:

Socorro Cabral - socorroleti@hotmail.com disse...

Parabéns de novo. Vc traz as principais reflexões que os autores discutem no texto.
Só gostaria que vc articulasse essas discussões com a sua formação no curso de Pedagogia.

Abraços
Socorro

MESSIAS... disse...

Há várias partes importantes neste texto, mas entre escolher alguma eu preferi esta:"As experiências práticas são válidas e importantes no estágio. Entretanto, o estagiário deve ter um olhar analítico sobre cada espaço onde atuar, afinal, é preciso respeitar a subjetividade de cada unidade escolar, observando desde a entrada da escola à sua gestão". Principalmente para quem não tem experiências, as vezes achamos que temos uma vara mágica na mão chega cheio de "boas" idéias... E não observamos o contexto... Sai falando do que vê e o que não vê e acaba se "borrando" no excesso da fala".